Crescer, apaixonar-se, namorar, transar. É o que se espera de todas as pessoas. Ou quase todas. Quando nos deparamos com alguém que se locomove em uma cadeira de rodas ou carrega as sequelas de uma paralisia cerebral, dificilmente imaginamos que este ser humano possa sentir desejo e se relacionar sexualmente. Erotismo e deficiência são termos que parecem não combinar quando postos lado a lado. Se, por acaso, ele disser que mantém relações sexuais, em geral reagimos com desconfiança ou pena. Primeiro, por duvidar que alguém possa sentir atração por uma pessoa deficiente: é mais provável que esteja se aproveitando ou obtendo alguma vantagem. Segundo, por supor que o interlocutor esteja fantasiando ou mentindo. Lamentamos, então, a impotência humana diante das fatalidades que atravessam nossas vidas. Como o novo nos assusta, procuramos nos vincular ao já conhecido. E, assim, buscamos refúgio nas imagens que a sociedade nos apresenta tanto de sexualidade ( sexy é quem exibe um corpo perfeito, segundo os padrões da mídia) quanto das pessoas com deficiência. O resultado é um misto de alienação, desinformação e preconceito.