Passados quase dez anos já da morte do grande jusfilósofo brasileiro José Pedro Galvão de Sousa - morto em 31 de maio de 1992 -, um grupo de pensadores argentinos, chilenos, das Espanhas, da Itália, de Portugal e do Brasil dedicou-se à tarefa de perpassar idéias que, com o firme testemunho de toda uma vida, sustentou José Pedro. Esse líber amicorum converge numa unidade temática: tradição e revolução, em seu misterioso confronto, persistente na pós-modernidade. Com efeito, duas tradições engendram dois amores. Esses amores, como diz a célebre passagem agostiniana, fundaram duas cidades, irredutivelmente antinômicas. Antiqüíssimas e quase simultâneas no tempo, essas duas tradições primordiais seguem ainda agora a contrapor seus legados, seus amores e suas cidades. A Trajetória humana - a biografia de cada homem e a história de cada povo - é irresistivelmente plasmada por esse conflito. Uma dessas tradições é, por antonomásia, a tradição; a outra, por adversar-lhe, a Revolução; aquela, esta chamada a observar a ordo creatoris, a ordem amorável - ordo amoris - e, objetiva, cognoscível dos homens em certa medida, intima-lhes as Leis de sua natureza, leges naturale. A outra, a revolução, é uma traditio contra veram traditionem.