A conjuntura brasileira na qual se inscreveu a matriz deste livro corresponde extertores do regime civil-militar, o que nos permite compreender que as políticas públicas naquele momento, foram via de regra, pavimentadas por concepções ideologicamente conservadoras e reacionárias. Nesse ambiente contraditório Aparecida Queiroz encontrou a matéria-prima indispensável à tessitura do diagnóstico sobre a realidade brasileira, da região Nordeste e do Rio Grande do Norte, com ênfase nas vivências dos que moravam no meio rural do município de Ceará-Mirim. O livro nos permite identificar os interesses dos que advogavam a universalização da educação por meio de programas e projetos com conteúdo apoiado em matrizes norte-americanas provenientes dos acordos MEC-USAID, com desdobramentos regionais no POLONORDESTE, PRONASEC, PRODASEC e o EDURURAL NORDESTE. Ante o questionável milagre brasileiro, o estado promovia, inclusive, a formação de mão de obra para o trabalho produtivo no meio rural, sem voltar-se, todavia, para a educação de caráter humanista. A autora oferece aos leitores narrativas pujantes ao dialogar com as dimensões econômica, social, política e ideológica, capturando as estruturas de dominação oligárquicas do município, inclusive sobre os saberes veiculados na escola do meio rural. Em sua análise, ela consegue refundar e atualizar conceitos sobre as múltiplas tarefas desenvolvidas pelas mulheres-professoras no desempenho da docência e nos cuidados da casa e dos filhos. Ressalta-se que não é um texto de viés prosaico, porém seu estilo arrojado e objetivo, torna-o de leitura agradável. O rigor teórico, metodológico e epistemológico é um de seus pontos altos. Fica para o leitor a tarefa de conferir o que afirmamos.