Ao recuperar ensaios e artigos escritos no calor do lançamento da obra O lustre, segundo romance de Clarice Lispector, publicado em 1946, Mariângela Alonso busca também esclarecer o lugar que O lustre ocupa no horizonte ficcional de Clarice, valendo-se do diálogo entre Literatura e Psicanálise. Nesta investigação, a pesquisadora discute o sema da água como elemento estruturador dos movimentos pulsionais de vida e morte presentes na trajetória da personagem Virgínia. A água fornece ideias enriquecedoras para a argumentação, já que atravessa vertiginosamente todo o enredo, desde a cena inicial, construída em torno da sugestão de um afogamento, o pacto e o segredo dos irmãos, até a morte trágica de Virgínia. O estudo crítico que consta neste volume percorre o chamado psiquismo hidrante, discutindo de forma bastante aguda as imagens substanciais da água, no que elas têm de profundidade, mistério e vertigem. [...]