A boa melancolia As memórias infância-juventude impressas neste livro são habilmente mescladas por uma visão retroativa e prospectiva da autora. Lá estão fundidas duas visões infantis uma sob o ângulo de alguém enquanto criança, embora não mais criança; outra, a criança ainda criança. Logo no início do livro, quase que como um código a ser memorizado, a autora se situa claramente dentro do seu passado: estou de azul no primeiro/degrau da escada olhando/as frutas verdes. as frutas/quietas respiram. encosto/a boca no seu rosto/adormecido e constato/a textura de pêssego, manga/maçã. E assim também se situará o leitor como espectador de vidas que começarão a se desenrolar dentro da narrativa dos poemas. Pois o livro é quase uma novela em poesia, possui sequências narrativas. É isso que torna Grãos um livro melancolicamente doce, nos conduzindo todo ele ao repouso.