Como tudo que temos de mais pulsante na produção artística carioca, a poesia de Adriana Nolasco acontece nas frestas. A poeta, que também é uma operária da cultura, afirma essa escolha há tempos em todos seus luminosos trabalhos no audiovisual, chafurdando na ruína, fazendo festa com o resto, sempre oferecendo uma chance de aproximação de uma alegria possível a partir da abertura de brechas. O convite, desta vez, consiste em observar a vida que excede nos interiores, nos azulejos, nas tramas do cabelo anelado, no pavê de biscoito champanhe etc., para, por meio desses vestígios, sonhar (ou retomar?) novos modos de convivência/conivência. Estes poemas, que se põem a inventariar o mínimo, costuram-se sobre o fluxo cotidiano e podem ser lidos como um diário de bordo ou um caderno de notas. São fragmentos que nos lembram de que a vida é fruição, como nos avisa Ailton Krenak. É verdade que Bigodes sujos de mar privilegia o resíduo o sal que ficou nos pelos do rosto, [...]