A polêmica lançada por Blaise Pascal contra os jesuítas nas Cartas Provinciais continua a ser o paradigma da eterna luta entre o rigorismo e a liberdade moral, entre jansenismo e casuística. Este livro mostra que o laxismo dos casuístas, condenado por Pascal, recobre na realidade uma atitude coe- rente com a vida do espírito (e do Espírito). Quanto ao rigorismo pascaliano, este ilustra os impasses de uma leitura rígida da mensagem cristã, correndo o risco perene de trair essa própria mensagem. Pascal é confrontado com um gênio da casuística: Baltasar Gracián. As máximas desse jesuíta se alicerçam no discernimento das escolhas a serem feitas em fidelidade às próprias razões de viver. Para concluir, o autor mostra com inúmeros exemplos o quanto essa atitude realista pode ajudar a apreender melhor nossa atualidade social e política.