Vim a Camola, porque me disseram que aqui vivia meu pai, um tal de Pedro Páramo. Minha mãe que disse. E eu prometi que iria vê-lo quando ela morresse. Pedro Páramo, é homem poderoso, a quem todos temem e obedecem. Todos? Comala é uma cidade vazia. Os vivos, se existem, já não dão conta de rezar pelos mortos que agora a povoam com as histórias de suas almas tristes, que vagam penando com suas lembranças. Em linguagem simples e metáforas claras, numa construção narrativa crescentemente selvagem, em que os silêncios dizem mais que as palavras e as seqüências se interrompem e retomam num fluxo livre, como memórias desgarradas, Juan Rulfo nos leva a mergulhar e nos dissolver, com o narrador, no turbilhão dos sentimentos de todo um povoado em torno desse grande senhor Pedro Páramo.