O Concílio Vaticano II lançou as premissas de uma postura dialogal que exigirá progressivamente o confronto das religiões em busca da verdade maior que coincide com o próprio Deus, assim como a permuta crítica e criativa entre o pensamento cristão e outras formas de pensamento com o mesmo intuito de avançar na direção da verdade e, sobretudo, na direção do bem da humanidade. A presente obra traça, de modo claro, esse roteiro dialogal inaugurado pelo Concílio; busca articular o que, ao menos nos textos conciliares, aparece como distinto e, para muitos, até mesmo distante: a questão da verdade revelada e a questão da cultura. Evidentemente, no processo conciliar, subjaz a mesma questão de fundo: a busca de formulações que permitam à Igreja colocar-se perante si mesma e perante a sociedade em atitude de diálogo e serviço. De fato, como muitos teólogos têm percebido, a empreitada do diálogo inter-religioso e intercultural está diretamente relacionada à temática maior da revelação, desde onde se pode avançar efetivamente ou permanecer estagnado. O Concílio Vaticano II lançou as bases para um encontro a partir do humano, lugar em que o Deus da vida fala e se faz presente para além de todas as diferenças.