Pretendemos estabelecer nesta discussão, algumas correlações entre Estado, Mercado e Pesquisa Acadêmica. Várias abordagens são possíveis a respeito do papel da universidade no sistema capitalista. Para uma abordagem mais ampla dessa questão, torna-se necessário caracterizar as diversas tendências do ideário liberal. Contudo, limitar-nos-emos a uma análise mais específica de certa evolução de ideias sobre o capitalismo ou uma perspectiva da economia política em que prevalece a defesa do mercado como ideal de auto-organização ou coordenação das atividades econômicas. Posteriormente, indicaremos como a noção de rede tende a explicar o sistema neoliberal em vários níveis de seu funcionamento. Frente ao ideário liberal recente, o caráter público da universidade e da pesquisa científica é susceptível de várias interpretações por parte dos próprios acadêmicos. A educação apresenta-se como uma forma de preparar o indivíduo para trabalhar em equipe e saber lidar com o imprevisto. O problema da pesquisa, enquanto trabalho acadêmico é compreendido em função da relação da Universidade com o mercado - as demandas empresariais. Discutiremos a Pesquisa Acadêmica, em especial, o ethos e a cultura dos acadêmicos criados pelo processo em marcha demercantilização do conhecimento, através das pressões que exercem sobre os acadêmicos para transformá-los em novos atores (cada vez mais reais do que potenciais) do mercado mediante o desenvolvimento da pesquisa, economicamente relevante, e de atividades com fortes demandas comerciais. O conteúdo desse livro interessa a todos os envolvidos na área da educação que entendem que a Universidade não é uma Empresa e que a investigação realizada nas IES públicas não devem se voltar, na maioria das vezes, ao setor produtivo, mais especificamente, ao setor empresarial. A educação e a pesquisa acadêmica não são mercadorias de uso, valor e troca.