A questão da aids na sociedade contemporânea ainda é uma das maiores preocupações nas áreas das ciências humanas e da saúde principalmente quando se trata de fatores associados à vulnerabilidade sexual, como ocorre em algumas casas de prostituição à beira das rodovias ou postos de combustíveis onde circulam muitos caminhoneiros de estrada. Embora haja um avanço nas campanhas de conscientização quanto aos modos de se prevenir a aids e as doenças sexualmente transmissíveis, o número de novos casos em todo o mundo ainda é muito significativo, pois, se por um lado a descoberta de novos medicamentos permite uma melhor qualidade de vida nos indivíduos infectados, por outro lado possibilita uma certa banalização social da doença em determinados segmentos da população, fato este que leva muitos a se despreocuparem em manter práticas sexuais seguras com o uso do preservativo. Dentre as várias populações expostas a fatores de vulnerabilidade sexual e riscos de contaminação pelo HIV/aids e outras doenças sexualmente transmissíveis, encontram-se os caminhoneiros de estrada que percorrem todos os rincões do país no transporte de cargas pesadas cuja oferta de sexo nos postos de combustíveis ou nas casas de prostituição situadas nas principais malhas rodoviárias são motivos de grande preocupação, pois, em muitas delas a falta de informação e até mesmo conscientização em relação a práticas sexuais seguras parecem não ser abordadas de forma sistemática e significativa. Consequentemente, os riscos de contaminação pelo HIV/aids tornam-se uma realidade sui generis nesse contexto se levarmos em conta que os caminhoneiros de estrada se caracterizam por um comportamento tipicamente machista em que a virilidade precisa ser comprovada e demonstrada a todo instante pelos demais elementos do grupo a fim de ser reconhecido e invejado por sua masculinidade numa mise-en-scène categoricamente exibicionista e absolutamente narcísica.