A presente obra tem vários objectivos, que é impossível resumir em algumas palavras, mas que surgirão pouco a pouco à medida que o leitor avança na leitura [...] No entanto, um dos objectivos mais específicos consiste em criticar e superar as tradições que dominam o estudo do espírito, as tradições "materialista" e "dualista". A consciência é, no entender do autor, o fenómeno mental central [...]. O autor pretende, como afirma, acabar de vez com a teoria que defende que o espírito é um programa de computador. É sua intenção apresentar algumas propostas no sentido de reformar o estudo dos fenómenos mentais por forma a poder justificar a expectativa de uma redescoberta do espírito. Nesta obra, Searle, tenta determinar quais são, na filosofia do espírito, os predicados que designam características intrínsecas e quais são os que designam características relativas ao observador. [...] Os primeiros três capítulos da obra estão consagrados à crítica de concepções dominantes na filosofia do espírito. Constituem uma tentativa de superar o dualismo e o materialismo. Os cinco capítulos seguintes procuram, sucessivamente, propor uma caracterização da consciência: Ultrapassados o materialismo e o dualismo, como situar a consciência em relação ao resto do mundo? Como explicar a sua irredutibilidade evidente de acordo com os esquemas tradicionais de redução científica? Mais importante ainda: quais as características estruturais da consciência? Como explicar o inconsciente e a sua relação com a consciência? E quais as relações entre a consciência, a intencionalidade e as capacidades de Plano de Fundo que nos permite funcionar no mundo como seres conscientes? No decurso destas discussões, o autor tenta superar toda uma série de dogmas cartesianos, tais como o dualismo das propriedades, o introspeccionismo e incorrigibilidade, mas o esforço principal que é realizado nestes capítulos não se exerce num plano crítico. John Searle tenta localizar a consciência no âmbito da nossa concepção geral do mundo e do resto da nossa vida mental. O autor dedica o penúltimo capítulo da obra à apresentação das suas críticas anteriores do paradigma dominante na ciência cognitiva, e no último capítulo dá algumas sugestões sobre o modo como se poderia estudar o espírito sem cometer, na sua opinião, tantos erros crassos. Um livro à altura do seu autor e do tema, no mundo. JOHN R. SEARLE é doutor em Filosofia pela Universidade de Oxford. É presidente da American Philosophical Association, desde 1990. É membro do Programa de Investigação em Neurociências, da Universidade Rockfeller. É professor, desde 1959, na Universidade da Califórnia