A Independência do Brasil em 1822 é, no mais das vezes, referida como exemplo bem-sucedido de transição do regime colonial para uma fórmula monárquica inédita na América Latina. 'Republicanos e libertários- pensadores radicais no Rio de Janeiro (1822), de Renato Lopes Leite, revela uma página pouco explorada do pensamento republicano no Brasil oitocentista. Após a leitura deste livro, a eclosão da Confederação do Equador, em 1824, já não mais pode ser entendida como um movimento esporádico ou espúrio. Renato Lopes Leite analisa com acuidade a grande vaga publicista que sacudiu o Rio de Janeiro nos meses que precederam o 7 de Setembro e centra seu olhar sobre a extraordinária atividade de João Soares Lisboa, redator do Correio do Rio de Janeiro, 'elo perdido' entre o republicanismo de 1824 e o pensamento republicano inaugural de 1822. A concepção de república que subjaz aos episódios de 1822 ainda não representa a consagração do regime republicano de governo dos Estados Unidos da América e então adotado pelas repúblicas hispânicas da América Latina.