Voltar ao passado e buscar na infância o que há de mais puro e singelo requer, daquele que olha, uma sensibilidade só encontrada naqueles que têm a alma simples e o coração grandioso. Assim é a menina em Marluce Vieira que teimou em não ficar só no passado e trazer desse tempo toda a poesia, que transborda sensibilidade, captada do gesto mais simples, da palavra mais espontânea, das manifestações de alegria e amor mais genuínas do cotidiano daqueles com quem conviveu e ainda convive. Faz isso quem tem alma e coração generosos, como Marluce, que consegue ver poesia onde não parece haver poesia; faz isso quem é capaz de enxergar através do simples, do surpreendente, do inusitado e inevitável; faz isso quem transforma o comum no essencial, o indiferente no belo, o fugaz no real.