Anéis nos dedos. De mãos oníricas que desfiam tramas e tecem novas urdiduras no que quase foi. E salpica ainda, em gotas citrinas, rumo à dissonância de uma ironia que desconcerta. Tudo pode viger, agora como outrora, em rotas e derrotas de vida e sonho. E que a tudo abarca, de quando em vez. Livro alusivo, eivado de matizes entre o que se aspira, inspira. E pode expirar. Ao longo dos caminhos. Dos descaminhos também. Sua leitura nos captura sob o naipe do inaudito. Neste texto de espessa intensidade e ineditismo formal, uma bisneta contra-canta com ancestrais imagéticos, adejando díspar, por espaço e tempo, vem a pousar na crueza do real que assola e ensombra. Narrativa em que nos cabe erodir, elidir. E se aquilo que escapa à devora nos revigora, outro verão há de vir. C. O. Viana