O terrível Gosmakente! Quem será? Boa coisa não há de ser. Por onde ronda o bandido? A notícia que corre logo assusta quem escuta. Consta que ele chegou e invadiu toda a mata, sujou terra, água e ar, trouxe tudo de ruim para a vida dos homens, dos bichos, das plantações, dos rios e das lagoas no coração da Amazônia. E agora? O que fazer? Como deter a tragédia? Como vencer o Gosmakente? Às margens do rio Japurá, Gosmakente, uma figura monstruosa, invadiu toda a floresta, deixando tragédia na mata. A princípio, homens dissimulados e armados invadiram a floresta com discursos escusos e confusos a respeito de se montar um fábrica de grana (dinheiro): derrubaram a mata, construíram prédios, chaminés esfumaçando o tempo todo, canos que desembocavam sujeiras nos igarapés, mudando as feições do lugar. O beija-flor foi o primeiro a perceber as perversidades do monstro Gosmakente, porque, emigrante da cidade, já havia experimentado as atrocidades do bandido. O fato é que depois de muita discussão, os bichos, salvo a Preguiça, concordaram que aquela criatura só trouxera desgraça para a floresta e juntos resolveram buscar ajuda do Guardião da floresta, cujo paradeiro quem conhecia era o Pavão grená. E foi no discurso do Pavão que os bichos souberam que o Guardião da floresta eram eles mesmos e que somente com a união poderiam expulsar o monstrengo filho do homem, Gosmakente. O terrível Gosmakente é um texto construído de forma primorosa por José Arrabal. As ilustrações, no estilo singular de Andréa Vilela, estão em diálogo com o texto, enriquecendo e tornando a obra ainda mais cativante. De acordo com o autor, o livro foi inspirado pelo corajoso exemplo dos bravos da Associação Ecologia do Capão Redondo, em São Paulo. Há alguns anos, após vigorosa luta coletiva contra o terrível Gosmakente, eles conseguiram salvar boa parte urbana da mata atlântica, hoje transformada no Parque Santo Dias, bela reserva florestal do bairro, na zona sul da cidade.