As letras do alfabeto foram seu primeiro brinquedo. O menino sonhava com as palavras e queria aprender a decifrá-las. Queria escrever os seus pensamentos e desejava se tornar leitor para ler, nos livros, o que os outros sabiam do mundo. E a mãe, cheia de carinho, passou a ensinar o filho - curioso - a brincar com as vogais e consoantes, como somá-las e dividi-las para construir orações. Foi assim: aos poucos, o menino sabia ler e escrever. O resto, ele aprendeu na escola. Um menino nos narra a história de Eduardo, um dos seus colegas de turma, que todos reconhecem como sendo um garoto especial, diferente dos outros. Embora não saiba ir muito longe na contagem dos números, já sabe ler e escrever. O segredo de Edu está nas experiências que compartilha em casa com a família; sua mãe não cozinha uma sopa como as outras, mas, sim, uma sopa de letras, signos misteriosos que o menino vai, dia-a-dia, aprendendo a decifrar. Desvendando primeiro as vogais, depois as consoantes, a mãe/professora, com cuidado e paciência, ensina ao menino que não se deve guardar amor, comida e conhecimento apenas para si -- além de descobrir como se formam as palavras, é preciso aprender a dividir. É por essa razão que Edu se torna importante para outros colegas, despertando-lhes o desejo de também conhecer as letras, convidando-os a tomar a sopa quente do jantar da sua casa. Trata-se de um aprendizado vivo, sentido, inseparável da experiência íntima do menino.