Este foi o último curso ministrado por Roland Barthes no Collège de France. Neste curso, que durou dois anos e foi interrompido pela morte, Barthes empreendeu "uma interrogação sobre as condições (interiores) em que um escritor, hoje, pode pensar em empreender a preparação de um romance". Mas não se tratava de analisar o gênero romance de modo histórico ou teórico, nem mesmo de coletar informações sobre as técnicas usadas por diferentes romancistas do passado na preparação de seus romances. O ponto de vista adotado foi o da fabricação, assumida por um sujeito particular que pretendesse escrever um romance. Essa reflexão lhe permitiria, talvez, a realização da fantasia pessoal de se tornar romancista. No primeiro ano do curso (1978-1979), que constitui o primeiro volume de A preparação do romance, Barthes examina a prática inicial de toda escrita: a anotação. Em vez de examinar os carnês de notas de romancistas, ele analisa o haicai japonês, considerado como "a realização exemplar de toda anotação". No haicai, explora três campos de anotações: a individuação das estações e das horas; o instante, a contingência; o afeto leve. O prosseguimento dessa reflexão se fará no ano seguinte (1979-1980), quando ele passará da forma mais breve, o haicai, à mais longa, o romance de Proust (A preparação do romance vol. II). Este primeiro curso é acompanhado de um seminário sobre o tema do "Labirinto"