As melhores mãos apedrejam e afagam com a mesma tranquilidade Um novo dia em Salvador. A cidade de matriz africana que pulsa e joga para o mundo seus filhotes. Cidade parideira das divindades literárias. Desse ventre surgiu Gregório e sua poesia do inferno, surgiu Castro para libertar, surgiu Jorge para ser amado, surgiu Ubaldo para falar do povo, surgiu Myriam para florescer o feminino mitológico. Muitas vozes surgem e ecoam no Recôncavo Baiano, mas muitas vozes também são silenciadas e abraçadas pela mudez eterna de um socorro. Ela é escaldante, explosiva e lasciva. Entre suas ruas e seu sol incansável transitam trabalhadores empenhados, religiosos astutos, pilantras descuidados e mulheres ambiciosas. Entre a cidade baixa e a cidade alta, tais histórias se dissolvem e diluem, deixando um rastro de sangue e vida como recompensa. Um lugar reconhecido como Salvador de poucos e executor de muitos.