O poeta Olavo Bilac era capaz de ouvir e entender estrelas. Mais atento à realidade cotidiana, o cronista Bilac preferia ouvir os rumores do mundo e entender as angústias, esperanças e perplexidades do bicho-homem. Nada de humano lhe era indiferente. Cultivando a crônica desde a mocidade, Bilac alcança o auge de sua atividade ao substituir Machado de Assis na crônica dominical da Gazeta de Notícias, o jornal mais importante do país. Nesse posto permanece cerca de vinte anos, analisando com ironia e piedade, galhofa e ternura, o inesgotável espetáculo humano e o inquietante cenário político internacional. Que riqueza de acontecimentos. No Brasil, desenrola-se o penoso processo de modernização do país, com a construção da Avenida Central, no Rio de Janeiro, a vacina obrigatória, o ufanismo, a Europa curvando-se ante o Brasil com os feitos de Santos Dumont, que o cronista compara a Prometeu e Ícaro. Mudanças no plano físico, mas sobretudo mudanças de mentalidade, apesar da persistência de velhas chagas, como a retratada em Hábitos Parlamentares, de oportuna atualidade. O cenário internacional assusta, com as guerras russo-japonesas e dos Bálcãs, o conflito mais devastador vivido até então pelo homem, a Primeira Guerra Mundial e a Revolução Soviética de 1917, que o cronista analisa com inquietação e acuidade. Neste mundo conturbado, o cronista tem também os seus oásis, onde sob a crítica por vezes áspera, mas quase sempre brincalhona, sente-se a ternura do poeta. São assim as crônicas sobre a vida carioca, pequenas aquarelas literárias, coloridas e um tanto caricaturais, mas sempre pulsantes de vida, como Gente Elegante, O Namoro no Rio de Janeiro, A Eloquência do Sobremesa.Um ponto valioso desta edição é a publicação de crônicas inéditas (mais de um terço do volume), pela primeira vez reunidas em livro. Elas ajudam a descobrir por que o cronista Bilac continua encantado. E encantador.O poeta Olavo Bilac era capaz de ouvir e entender estrelas. Mais atento a realidade cotidiana, o cronista Bilac preferia ouvir os rumores do mundo e entender as angustias, esperancas e perplexidades do bicho-homem. Nada de humano lhe era indiferente. Cultivando a cronica desde a mocidade, Bilac alcanca o auge de sua atividade ao substituir Machado de Assis na cronica dominical da Gazeta de Noticias, o jornal mais importante do pais. Nesse posto permanece cerca de vinte anos, analisando com ironia e piedade, galhofa e ternura, o inesgotavel espetaculo humano e o inquietante cenario politico internacional. Que riqueza de acontecimentos. No Brasil, desenrola-se o penoso processo de modernizacao do pais, com a construcao da Avenida Central, no Rio de Janeiro, a vacina obrigatoria, o ufanismo, a Europa curvando-se ante o Brasil com os feitos de Santos Dumont, que o cronista compara a Prometeu e Icaro. Mudancas no plano fisico, mas sobretudo mudancas de mentalidade, apesar da persistencia de velhas chagas, como a retratada em Habitos Parlamentares, de oportuna atualidade. O cenario internacional assusta, com as guerras russo-japonesas e dos Balcas, o conflito mais devastador vivido ate entao pelo homem, a Primeira Guerra Mundial e a Revolucao Sovietica de 1917, que o cronista analisa com inquietacao e acuidade. Neste mundo conturbado, o cronista tem tambem os seus oasis, onde sob a critica por vezes aspera, mas quase sempre brincalhona, sente-se a ternura do poeta. Sao assim as cronicas sobre a vida carioca, pequenas aquarelas literarias, coloridas e um tanto caricaturais, mas sempre pulsantes de vida, como Gente Elegante , O Namoro no Rio de Janeiro , A Eloquencia do Sobremesa . Um ponto valioso desta edicao e a publicacao de cronicas ineditas (mais de um terco do volume), pela primeira vez reunidas em livro. Elas ajudam a descobrir por que o cronista Bilac continua encantado. E encantador.As crônicas de Olavo Bilac estão entre as melhores escritas no Brasil, no final do século XIX e início do XX. Leves, bem-humoradas, irônicas, retratam uma época de grandes mudanças no mundo, no Brasil e, em particular, no Rio de Janeiro, uma cidade sem violência, sedutora e cheia de encantos, como o texto do cronista.