Conforme Bauman (2008, p.83), no funcionamento cotidiano da madura sociedade de consumidores de nossos dias, os direitos da criança e os direitos do cidadão são baseados na capacidade genuína do consumidor competente e a ela se sobrepõem (grifos do autor). Infelizmente, este estudo mostra isso a instituição escolar como subsistema, sublugar (SANTOS, 2009) da estrutura que garante a ordem capitalista e que, desse modo, institui em seu processo educativo a lógica hierárquica da seleção humana para uma vida (in)digna. Este estudo, do tipo etnográfico, descreve as relações periféricas que garantem um processo excludente numa escola de periferia na região metropolitana de Porto Alegre (RS). Demarca um espaço, um não-lugar escolar que não permite identificações, vínculos, nem coerência com uma proposta pedagógica democrática, e que legitima a opressão em seu interior. Atos administrativos lícitos reúnem, na periferia das periferias, os profissionais que as escolas centrais, destinadas aos filhos dos homens de bem, não querem e descartam. Nesse sentido, citam-se profissionais com doenças crônicas, depressão, deficiência, LGBTs e negros. Este estudo recebeu menção honrosa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da Fundação Carlos Chagas em 2016. Está escrita representa aquilo que muitos percebem e poucos enunciam: há um processo educativo empobrecido para crianças pobres, e ele ocorre porque aqueles que deveriam evitar isso preferem omitir-se. São essas decisões pretéritas (irresponsáveis) que garantem a popularização silenciosa da Pedagogia do Destino.