O mundo do trabalho vivencia um novo ciclo de profundas transformações, desde a segunda metade do século passado. Tal ciclo no setor bancário brasileiro agudizou-se na última década do século passado, desde quando foram mais frequentes as fusões de bancos, o encerramento das atividades e as privatizações de outros, bem como a introdução de novos modos de organização do atendimento bancário, dos tipos dos serviços prestados, dos estilos de gestão e dos processos e tecnologias de trabalho. Todas essas mudanças econômicas e gerenciais desdobram-se em outras relativas nas relações de trabalho. Os postos de trabalho diminuíram. Para quem continua bancário, o medo da perda do emprego, a submissão no trabalho e a competitividade entre colegas acentuaram-se. A sindicalização reduziu-se e, com ela, decaiu o poder de barganha dos trabalhadores nas negociações coletivas. As expectativas de um emprego estável, com uma carreira de ascensão para a vida inteira, se enfraqueceram. Muitos bancários perderam a assistência com que supunham contar. Os bancos passaram a exigir mais do desempenho e do envolvimento no trabalho. Com tantas perdas, significativa parte dos bancários já não nutre os mesmos laços identitários de longo prazo com os bancos. A questão - o que é ser bancário? - tornou-se instigante. Organizamos, então, o presente livro abrangendo quatro partes que tratam: da inserção do setor bancário no sistema capitalista; das vivências psíquicas dos bancários em um setor em transformação; de tais vivências no contexto dos bancos federais e das experiências de ex-bancários dos antigos bancos estaduais.