Durante os séculos XVII e XVIII, no Brasil colônia, vicejou uma profusão de guias de boa conduta escritos por moralistas e religiosos e concernentes a modelos católicos de conduta a serem observados durante a vida para alcançar uma boa morte. "O Exercício Moral de Memória da Morte" analisa o conteúdo e os objetivos de tais escritos sermões, livros de devoção, elogios e sonetos fúnebres, desvelando como e por que se constituíram uma verdade acerca da morte e prescrições de conduta cuja prática permitia a colonos e colonas tornarem-se católicos devotos. A historiadora Clara Braz dos Santos ampara-se em uma bibliografia sólida e, de modo original, toma como corpus de análise escritos de moralistas que efetivamente viveram o dia a dia dos colonos no país religiosos sobre os quais se discorre em um enriquecedor Anexo ao final da publicação. Extraindo desses textos exemplos que ilustram suas proposições, a autora, de início, contextualiza essa produção que preconizava modelos de espiritualidade e de moralização dos fiéis a partir do controle das consciências e dos comportamentos, para mostrar, em seguida, como esses guias se transformaram em instrumentos para forjar um fiel temente à Igreja e um súdito obediente à Coroa.