Durante o verão sem nuvens, dourado e incomparável de 1920, Tom Birkin, um veterano sobrevivente da Primeira Guerra Mundial, abandonado pela esposa e sem um tostão furado, refugia-se em Oxgodby, um remoto vilarejo de Yorkshire, para restaurar uma grande pintura mural medieval recentemente descoberta na igreja local. Vivendo no campanário dessa igreja, ele trabalha diariamente para destapar a pintura que representa o Juízo Final. Imerso na beleza e placidez do campo e nos imutáveis ritmos da vida da região, Birkin, além de sentir sua vida se renovar, também recupera a crença no futuro. Agora, muitos anos depois, ao contemplar aquele idílico verão e refletir sobre a passagem do tempo e o poder da arte, ele encontra algum consolo por tudo aquilo que deixou para trás. Trecho. "Havia tempo de sobra naquele verão maravilhoso. Dia após dia, a névoa se elevava da campina quando clareava; e as sebes, os celeiros e os bosques ganhavam forma, até que, finalmente, a longa linha curvilínea das colinas se erguia, afastando-se da planície. Era uma espécie de espetáculo de magia... Dia após dia, nada mudava, e todas as manhãs eu me apoiava no portão do pátio, tragando o meu primeiro cigarro e (gostaria de pensar) maravilhando-me com o esplêndido pano de fundo. Mas não pode ter sido assim; não sou do tipo que se maravilha. Ou seria, naquele tempo? Uma coisa, porém, é certa eu sentia uma imensa satisfação e, se pensava em algo, era para que isso continuasse indefinidamente..." A história do livro. Ao começar a escrever Um Mês no Campo, a idéia de J. L. Carr, como ele mesmo afirma, era narrar uma história serena, uma espécie de idílio rural. Para estabelecer o tom correto, Carr quis que o narrador, Tom Birkin, relembrasse com pesar um período de tempo distante quarenta ou cinqüenta anos. Escrito em 1979, publicado em 1980 e considerado uma obra-prima, o livro conquistou o Prêmio Guardian de Literatura, foi indicado ao Booker Prize, teve diversas edições e, em 1987, foi adaptado para o cinema, com Kenneth Branagh, Colin Firth e Natasha Richardson nos papéis principais. O que se diz. Como afirma Michael Holroyd, autor do prefácio, Um Mês no Campo "conserva o leitor suspenso entre as sombras do passado e as premonições do futuro. É um livro intemporal, recriando uma estação do ano propícia, um outro mundo, um lugar capaz de curar." Segundo a revista The Spectator, Um Mês no Campo "é diferente de qualquer outra coisa da moderna literatura inglesa." Para a revista New Yorker, "a pequena história de um amor perdido escrita por Carr também é um pequeno hino a respeito da arte e do júbilo compensador do artista, tanto em dar quanto em receber."