Mais um livro da notável série de Antonio Gramsci está à disposição dos leitores brasileiros. No terceiro volume de CADERNOS DO CÁRCERE, o socialista italiano faz um estudo sobre as idéias de Maquiavel e prova que o pensador não apenas especulou sobre a realidade, mas criou uma sólida linha filosófica sobre governos e governados. Temas relativos ao Estado, às questões da hegemonia e à política - já familiares na obra de Gramsci - encontram eco nas idéias de Maquiavel. Este volume é dividido em três capítulos. O primeiro traz comentários sobre a política de Maquiavel, focado principalmente em sua obra mais famosa "O príncipe". "O caráter fundamental de O príncipe é o de não ser um tratado sistemático, mas um livro vivo, no qual a ideologia política e a ciência política fundem-se na forma dramática do mito", explica Gramsci, homem sem modelos, mas com conceitos que não cessava de interrogar. O segundo traça uma biografia de Maquiavel, seguindo as proezas do pensador. No último capítulo, o autor fala dos famosos cadernos, escritos na prisão. Sempre com o escrever tortuoso, ideal para escapar da censura fascista. Preso em 8 de novembro de 1926, Antonio Gramsci - que morreu, sem ter reconquistado a plena liberdade, em 25 de abril de 1937, com 46 anos - produziu no cárcere uma obra que o distinguiria, mais tarde, como uma das mais importantes figuras intelectuais do século XX. As milhares de páginas que ele escreveu em cadernos escolares - primeiro em sua cela na prisão de Túri, em Bári, e, mais tarde, numa clínica da cidade marítima de Fórmia, para onde foi transferido quando sua frágil saúde aproximou-se do colapso total - não foram escritas para ser publicadas e não foram impressas até depois da Segunda Guerra Mundial. Contudo, a publicação póstuma destes escritos teve um imediato e profundo impacto na cultura política italiana. Mais tarde, as teorias políticas e as análises culturais de Gramsci ganharam uma circulação mais ampla; as traduções dos apontamentos do cárcere em várias línguas asseguraram-lhes uma difusão global. Gramsci tornou-se um ponto de referência quase universal para a obra de humanistas e cientistas sociais em todo o mundo. Muitos dos conceitos e categorias de Gramsci - "hegemonia", "sociedade civil", "intelectuais tradicionais e orgânicos", "revolução passiva", "filosofia da práxis", "grupos sociais subalternos" etc. - são agora parte do vocabulário básico empregado por cientistas políticos, críticos da cultura, antropólogos, sociólogos e pedagogos. Carlos Nelson Coutinho é professor titular da UFRJ e faz parte da International Gramsci Society. Luís Sérgio Henriques é editor da revista eletrônica Gramsci e o Brasil, e Marco Aurélio Nogueira é professor livre-docente da UNESP. 1 O terceiro volume da serie Cadernos do carcere No terceiro volume de Cadernos do carcere, o socialista italiano faz um estudo sobre as ideias de Maquiavel e prova que o pensador nao apenas especulou sobre a realidade, mas criou uma solida linha filosofica sobre governos e governados. Temas relativos ao Estado, as questoes da hegemonia e a politica - ja familiares na obra de Gramsci - encontram eco nas ideias de Maquiavel. Este volume e dividido em tres capitulos. O primeiro traz comentarios sobre a politica de Maquiavel, focado principalmente em sua obra mais famosa O principe. O carater fundamental de O principe e o de nao ser um tratado sistematico, mas um livro vivo, no qual a ideologia politica e a ciencia politica fundem-se na forma dramatica do mito , explica Gramsci, homem sem modelos, mas com conceitos que nao cessava de interrogar. O segundo traca uma biografia de Maquiavel, seguindo as proezas do pensador. No ultimo capitulo, o autor fala dos famosos cadernos, escritos na prisao. Sempre com o escrever tortuoso, ideal para escapar da censura fascista. Preso em 8 de novembro de 1926, Antonio Gramsci - que morreu, sem ter reconquistado a plena liberdade, em 25 de abril de 1937, com 46 anos - produziu no carcere uma obra que o distinguiria, mais tarde, como uma das mais importantes figuras intelectuais do seculo XX.