O livro aborda a luta dos trabalhadores, homens e mulheres, para conquistar a terra e para nela permanecer, na região do Pontal do Paranapanema, Estado de São Paulo. Partindo da história e da memória dos camponeses, a autora percorre o antigo caminho do extremo-oeste paulista, ambiente marcado pela violência do domínio da terra e da gente, envolvendo as populações indígenas, pequenos arrendatários, sitiantes, posseiros e bóias frias. Esta compreensão histórica é base para o entendimento do Movimento Sem Terra na contemporaneidade. Uma história de lutas narrada por sujeitos a partir de marcos de memória que produzem significados para suas vidas em acampamentos e assentamentos. Marcos presentes desde as primeiras ações, como a "ocupação de fazendas", "o seqüestro de oficiais de justiça", "a matança de bois", o "trabalho coletivo", a "troca de dias de serviço", entre outros. O desejo do roçado, expresso na mística em torno da terra, evidencia a vontade individual e coletiva, em uma simbiose. Isso possibilita entender que as ações da organização, ao se voltarem para a transformação social, não são díspares do que sonhara grande parte dos assentados: a terra de trabalho e a liberdade. Objetividades e subjetividades evidenciam o indivíduo e o coletivo, entrelaçados, a mostrar a dinamicidade do "todo", mas sem que as "partes" deixem de existir como potencialidades para as lutas camponesas.