Geógrafo maranhense Raimundo Lopes, "naturalista" da Seção de Antropologia e Etnologia do Museu Nacional do Rio de Janeiro, contribuiu consideravelmente para a formação de uma atitude científica por parte dos jovens estudantes e estagiários desta instituição, para os quais foi uma fonte permanente de informações, crítico perspicaz e seguro, orientador tolerante e sempre pródigo em incentivos. Esforçou-se para que a etnologia fosse reconhecida como disciplina universitária de valor pragmático e não como simples campo de erudição. Tinha um conhecimento extenso e minucioso da história da etnologia brasileira. Interessava-se, de um modo geral, por todas as fontes históricas e dedicou longo tempo ao exame da contribuição de Gonçalves Dias, que ele chamaria o "fundador da etnologia no Brasil", para o estudo e a compreensão do índio. O seu ensaio Gonçalves Dias e a raça americana dá uma ideia nítida do vigor da sua análise e da segurança e extensão dos seus conhecimentos. Outro ensaio que revela de maneira admirável a profunda e ao mesmo tempo equilibrada erudição de Raimundo Lopes é o que intitulou Pesquisa etnológica sobre a pesca brasileira no Maranhão. Publicado no segundo volume da Revista do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, este ensaio continua praticamente desconhecido dos jovens etnógrafos, que nele encontrariam, entretanto, um belo exemplo de uma monografia de base ergológica e de ampla significação metodológica.