Enquanto a guerra destrói a cidade de Ramallah, invadida por israelenses em novembro de 2001 e ocupada até setembro de 2002, Suad Amiry, uma palestina culta, inteligente e espirituosa escreve seu diário. Ao registrar suas impressões e sentimentos à medida que os combates se intensificam, ela mostra de forma humana e irônica um outro lado do conflito: o dia-a-dia de um povo que, ilhado em sua própria casa, tem sua rotina bruscamente transformada. Enquanto disparam os soldados inimigos, também na reclusão forçada entre as paredes domésticas, "dispara" a mãe do seu marido, uma sogra típica. Em um punhado de páginas faiscantes de humor e de ácida lucidez política e sentimental, os golpes baixos do primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon e do seu governo acabam por se igualar às idiossincrasias da sogra petulante com a qual a autora tem de passar, num involuntário tête-à-tête, o tempo do assédio militar.