Impressiona, positiva e negativamente, como determinados assuntos podem ter tantos desencadeamentos e interpretações. A mesma religião - e/ou sua ausência - que é capaz de levar o homem à transcendência existencial na busca por valores culturalmente morais, pode, por outro lado, germinar aberrações comportamentais, como o extremismo/fundamentalismo exacerbado, a violência física e/ou moral, bem como a supressão das demais liberdades em prol da prevalência de uma suposta "liberdade" religiosa. O Brasil pode não ter problemas extremos em se tratando de liberdade religiosa, como perseguições e carnificinas que ocorrem de maneira contumaz em países asiáticos e africanos, ou o caso de nações cujos regimes ditatoriais vedam, ou, do contrário, justamente fazem da religião o embasamento de seu aparato político-ideológico. Isso não significa dizer, todavia, que este país encravado no coração da América do Sul careça de discussões pertinentes ao livre exercício dos direitos de crença, culto, exteriorização do pensamento, e reunião, que, conjuntamente, formam a liberdade religiosa. Conjugá-la com a laicidade estatal, pois, é apenas um dos seus desdobramentos. Este trabalho, acima de tudo - e convém sublinhar isso -, adota como premissas fundamentais a tolerância, o respeito, e o diálogo, ao expor opiniões sobre diversos temas que movem a liberdade de crer e/ou não crer. O intento é o de fortalecer o relacionamento entre pessoas, instituições e setores da sociedade civil, com os objetivos únicos e exclusivos de elucidar dúvidas, aparar arestas, trazer posicionamentos divergentes para o cenário dialógico, e, sobretudo, fornecer subsídios para que a liberdade religiosa no país possa ser operada a plena potência.