Diz-nos a co-autora desta obra que sempre teve a impressão de que a psicologia social, no seu conjunto, teve tendência para considerar como estabelecido que o irracional, a sugestão, prevaleciam nas relações humanas quando se saía da serena cidade dos sábios.Esta frase parece caracterizar muito bem o esforço dos dois autores em fazer entrar a ética, os valores, as trocas humanas em geral no domínio da razão (razão prática, evidentemente), subtraindo-as assim às forças do irracional, porque é à razão que é necessário apelar para convencer, se pretendemos evitar servirmo-nos da violência, da coerção física ou psicológica.O Tratado de Argumentação, faz sair da mentira a arte da persuasão, privilegiando a liberdade de discussão,contra o fanatismo e o cepticismo. Esta obra postula um modelo de sociedade que nos permite operar escolhas em bases racionais, sem no entanto reduzir a racional idade às matematizações, às lógicas formalizadas. Nesta obra os autores combatem as oposições filosóficas, nítidas e irredutíveis, que apresentam os absolutismos de qualquer espécie; o dualismo da razão e da imaginação, da ciência e da opinião, da objectividade universalmente admitida e da inefável subjectividade. Este Tratado de Argumentação, é, hoje, um clássico de leitura obrigatória; muito mais que um simples manual para aprender a bem argumentar, a sua riqueza humana e cultural fazem dele um companheiro de viagem verdadeiramente precioso. CHAIM PERELMAN, fundador da retórica moderna, grande filósofo, jurista e pensador que se dedicou com profundidade tanto ao Direito quanto à Justiça, nasceu em Varsóvia, em 1912.Em 1925, emigrou para a Bélgica, onde construiu toda a sua carreira. Leccionou Lógica, Moral e Filosofia na Universidade de Bruxelas até 1978. Da sua autoria o Instituto Piaget publicou Ética e Direito. LUCIE OLBAECHTS-TYTECA, filósofa, foi assistente e colaboradora de Perelman.