"Esta obra constitui um bom exemplo de como a nova historiografia pode renovar temas tradicionais . O seu objecto de estudo é a Casa de Bragança, uma grande casa senhorial de época moderna, a maior de todas e de onde viria a sair a última dinastia reinante. Aqui ela é encarada, não tanto como um pólo da grande política do reino, mas antes como um modelo de construção e exercício do poder típico das sociedades modernas. De facto, o se poder decorria de prerrogativas senhoriais doadas pela coroa. Mas derivava, sobretudo, de relações de fidelidade que os duques foram paulatina mas persistente construindo, ao conceder mercês e benefícios, ao distribuir rendimentos, ao reforçar as esferas de influência da sua gente. Os rendimentos e posições sociais recebidos da coroa eram capitalizados em redes de dependências, que cobriam todo o espaço político do reino. E que, mais tarde, serão decisivas para compreender a ascensão dos Duques ao trono, bem como os mecanismos de recrutamento do pessoal político da nova dinastia. Por isso é que este livro, que não aborda expressamente a alta política peninsular, acaba por ser uma outra forma de contar a «Restauração»."