Livro que pretende demonstrar que Voltaire se apresenta, nos textos históricos e nos contos filosóficos, como um representante notável e surpreendente de um gênero muito antigo de reflexão sobre a história e a política. Em seus textos, Voltaire dá mostras de que acompanhava atentamente as profundas transformações que ocorriam na Europa do século XVIII. Esse livro sustenta a tese de que Voltaire fez um elevado esforço intelectual para responder a um grande problema filosófico: a necessidade de fundar um novo tipo de autoridade política capaz de tornar habitável o caótico mundo dos homens. Esse princípio civilizador é o príncipe virtuoso, daí a profusão de imagens a seu respeito. Contudo, ao dar suas últimas pinceladas no retrato do seu príncipe perfeito, Voltaire acabará por exprimir os traços da cultura na qual se formou: apesar de sua notável modernidade, não consegue se desembaraçar de algumas fórmulas que se arrastavam na tradição do pensamento político desde tempos longínquos.