Ao contar a desastrada viagem de uma boiada, de Mato Grosso para as pastagens da Cuesta, e os crimes praticados por uma súcia de ladrões de gado, Francisco Marins, em Atalhos sem fim, nos dá, de permeio, um panorama de difíceis anos para o interior paulista, centrados numa típica fazenda de café e numa cidade após a geada de 1918, grande desastre climático na maior lavoura do mundo. Crises sucessivas levavam a alterações políticas e sociais, culminando com a Revolução Paulista de 1924, de seríssimas perturbações na capital. Em Santana, entroncamento ferroviário onde os vencidos tentam oferecer resistência, concentra o escritor o foco da narrativa até a retirada das tropas para as barrancas do rio Paraná, em seqüência se iniciando a formação da célebre Coluna Prestes. No entremeio, histórias de amor, marcadas por muitos desencontros, a premiação de uma pintora modernista remanescente da Semana de Arte Moderna e, ainda, as tricas e futricas da politicagem à sombra do antigo PRP a dominar o ambiente pacato de uma cidade provinciana.