É perfeitamente cabível suspeitar que nossas razões para empreender e apresentar este trabalho não apenas não sejam de ordem "arqueológica" - nem sequer histórica -, mas que tenham uma relação bem precisa com nossos interesses e nossa situação atuais. Não que tenhamos em vista qualquer modo de "atualidade do romantismo". Sabe-se muito bem o que costuma resultar desse tipo de programa: um esmagamento puro e simples da história, a perpetuação duvidosa daquilo que se presume "atualizar", a ocultação (sem inocência) dos traços específicos do presente. Ao contrário, o que nos interessa no romantismo é que pertençamos ainda à época inaugurada por ele e que esse pertencimento, que nos define (mediante a inevitável defasagem da repetição), seja precisamente o que não cessa de ser denegado por nosso tempo. Há hoje um verdadeiro inconsciente romântico, discernível na maioria dos grandes motivos de nossa "modernidade". [...]