Avesso à simples tolerância e em razão da aceitação, "Incluir, um verbo/ação necessário à inclusão", de João Beauclair, é mais um livro lançado pela Pulso Editorial, preocupado com a integração social de pessoas portadoras de necessidades especiais. Para o autor, os estudos sobre inclusão devem libertar-se dos papéis, para refugiarem-se em nosso cotidiano; este seria o caminho para se garantir a normalidade e qualidade de vida ao diferente. Nas primeiras páginas, interpretando encontros, resoluções e outras formas de manifestação, narra-se a tentativa de minimizar a discriminação da minoria em nossa história recente. A educação é o pilar de todas as atividades humanas; a partir disso, o autor apresenta métodos pedagógicos de inclusão social, oriundos de sua experimentação em sala-de-aula, contrapondo antigos conceitos de inclusão educacional e a Educação Especial. Para ele, a elaboração de conteúdos desenvolve a capacidade simbólica e a aptidão para interferência no meio. Entender as patologias e compreender o indivíduo com desvio é um grande salto à inclusão. Hoje, ela não é apenas para portadores de deficiência, mas a todos os marginalizados; segundo Beauclair, incluir não é corrigir o outro, e sim aceitá-lo em sua diferença: ela deve ser o estopim da inclusão. A obra faz uma reflexão sobre as relações interpessoais a procura do eu; o ser só se enxerga na medida que se reflete no outro. Por vezes escrito na primeira pessoa, o livro não abandona seu espírito pluralista e democrático. As soluções pedagógicas enumeradas pelo autor, esbarram no mesmo ponto de partida: a criação de vínculos; e esta depende da atuação no espaço coletivo. Em sua essência, a obra deseja que o verbo vire ação, que a força gere energia, que a vontade torne-se gesto, e assim, abra-se a possibilidade do outro exercer a cidadani.