Seja em cidades vazias, seja nas profundezas do oceano ou à hora crepuscular em um apartamento, a roda narrativa destes minicontos passa da terceira à primeira pessoa enquanto as formas dos enredos se avolumam. Os personagens um homem, você e eu são sujeitos de outros tempos, desde o passado longínquo ao futuro incerto. As histórias estão repletas de tentáculos e novelos que se desenrolam ao infinito, tentando capturar a frequência limítrofe entre a realidade e o sonho. Formas feitas no escuro é um livro quase táctil, que desafia o leitor a flutuar, mergulhar ou voar por mitologias e sabedorias ancestrais. Mas também trata do cotidiano presente, do tédio que invade um quarto, do tempo que corre quando procrastinamos uma tarefa simples. Nele, Leda Cartum propõe uma poética cheia de texturas da terra úmida, das cascas de folhas secas, da madeira do chão de taco, num trabalho exíguo com imagens que de outro modo não se fixariam, e [...]