A gente nasce inocente, boba, sem nada entender do mundo que nos espera. Não sabemos que o fogo queima, o vidro corta. Sabemos apenas que temos uma mãe, para nos alimentar com seu leite, nos acalentar e proteger. Aos poucos vamos aprendendo, apanhando para isso, tendo encontros e desencontros, amando e sendo ou não amados. E quando, enfim, atingimos a plenitude, vem a velha da foice nos colher. Talvez seja por isso que o poeta César Magalhães Borges resolveu fazer a viagem de volta, para rever as paisagens que não conseguiu guardar na ida. Talvez, por que coração e cabeça de poeta são terrenos que ninguém invade. Voltou como veio, sem luxo nem ostentação, roupa do dia-a-dia, sem gravata, barba por fazer, cabelos desalinhados. E foi recolhendo na bagagem tudo que viu e sentiu na primeira viagem. Foram 40 semanas de viagem, o período de uma gestação.