Em clima de mistério bufo, o poeta Zuca Sardan conduz o leitor pelos sortilégios da deusa babilônica Ishtar, chega aos recantos mais recônditos do palácio papal, onde o pontífice Pasquale vitupera contra os abusos do poder temporal e, de quebra, reve"Babylon: Mystérios de Ishtar" é um cortejo colorido de deuses e planetas, doutores e malandros, múmias e esqueletos, uma comédia humana hiperbólica que une a farsa de gosto surrealista à agilidade verbal do modernismo brasileiro. Zuca evoca a irreverência de Oswald de Andrade em seu texto maroto, e a graça de seus desenhos é uma mistura de Tarsila do Amaral com o traço dos grafiteiros, numa jóia de leveza e sacanagem. As alegorias sagradas logo se revelam perfeitamente mundanas, e a cornucópia divina tem de se apertar nessas fábulas de moral duvidosa - ou folhetins, como prefere o autor.