Iemanjá desliza sobre as águas. As águas movimentam-se sobre o manto assim como as palavras salivam na boca de quem lê os poemas desta obra. Existe água. Substância fundamental para a vida. Iemanjá funda a humanidade. Ler querides monstres é como se a ancestralidade vivesse em comunhão com aquilo que se faz presente. Lendo o futuro daquilo que foi passado e vivendo o passado daquilo que é futuro, porque o que be traz para nós é a escrita trafegando por várias línguas, inventando novas línguas e relembrando a existência das palavras que nomeiam os corpos dissidentes. Uma leitura que nos convoca a estar estrangeire sobre dunas, rios, ilhas, pântanos, onde os versos alagam as páginas do livro, como por exemplo o capítulo “sete sobras de sonhos”, em que a mancha gráfica escorre para a esquerda, o centro ou a direita. Aliás, porque a água em seu estado líquido ou gasoso se dispersa nos ambientes.