O gótico inserido numa das categorias da literatura fantástica aborda o lado mórbido e mais recôndito da alma humana, e instala a presença do não-racional, da desordem e do caos, evocando o primitivismo do inconsciente coletivo que povoa o imaginário cultural da humanidade. Esta obra explora Noite na taverna (1855), de Álvares de Azevedo, principalmente em relação aos componentes gótico-fantásticos que intensificam os aspectos sombrios e macabros do tema principal do romance, qual seja o Liebestod (associação de amor e morte), elementos que inserem a obra na segunda fase do romantismo brasileiro, o ultrarromantismo, uma corrente literária influenciada por atitudes não convencionais e pela poesia de Lord Byron. Os estudos de Howard Philips Lovecraft, Nöel Carroll, Tzvetan Todorov, Antonio Candido, Cileine Alves, Karin Volobuef e Daniel Serravalle de Sá são utilizados como apoio teórico para a análise da narrativa moldura e dos cinco contos nela encaixados. Nessa investigação, o conceito de horror gótico, teorizado por Carroll e Lovecraft, e a noção de insólito, desenvolvida por Freud, são privilegiados. No último capítulo, o romance gráfico Noite na taverna (2011) é brevemente discutido, e o processo de transposição para os HQs, do conto intitulado Solfieri, é descrito, com o intuito de mostrar que o interesse perene dos leitores pela obra de Álvares de Azevedo contribuiu para a valorização de seu projeto estético.