Os anos 60 do século XX inauguraram uma reflexão sobre a ciência cujo ponto de partida é a rejeição ao caráter especial do conhecimento científico, permitindo, com isso, o tratamento crítico do seu conteúdo. Este é o objeto da Sociologia do Conhecimento Científico. A autora trata, neste livro, das conseqüências, para o edifício da ciência, deste olhar sociológico radical. Pelo caminho das noções de sujeito e de realidade, tradução das relações históricas do homem com a natureza, descreve o percurso da ciência moderna desde o Renascimento até o século XX. As atrocidades da Segunda Guerra Mundial e os custos humanos e ambientais devidos aos usos e abusos da tecnologia mostram o hiato entre o projeto civilizador da ciência e a sua prática social. O conhecimento científico tem, então, a sua hegemonia posta em dúvida. No desenrolar deste processo, realidade e utopia são geradas ao mesmo tempo: o novo modelo de ciência carrega consigo uma dimensão moral e obriga à consideração de novos atributos, tanto no sujeito como na realidade, como expressão de novas relações do homem com a natureza.