A metrópole que nunca dorme. A Roma moderna. A cidade-ícone do século XX (e, até agora, do XXI também). Como virtual capital do mundo, não faltam epítetos grandiosos para Nova York, cuja paisagem física/humana/cultural é tema recorrente de filmes, canções e, sobretudo, livros, muitos livros. Escritores de todas as épocas tentaram, e tentam, explicar a Grande Maçã. Nem todos conseguem. O jornalista e crítico literário curitibano Paulo Polzonoff Jr. conseguiu. É o que comprova A Face Oculta de Nova York, lançamento da Editora Globo. Nem guia nem reportagem, nem ensaio nem crônica, o livro reúne 16 textos sobre a experiência de morar em Nova York, sob o ponto de vista particularíssimo do autor. Polzonoff recusa-se a tratar dos points da moda, evita a cidade-clichê. Passa longe do lugar-comum para desvendar um lugar nada comum. E assume um enfoque "subjetivo até a medula", como ele próprio assinala. Ao falar de restaurantes, por exemplo, despreza os endereços badalados para se concentrar na baixa gastronomia, na comida cotidianamente servida por e para nova-iorquinos no mundo real, fora do foco da mídia. Diante de um "cartão-postal" tradicional, como o Central Park, seu olhar atento se desvia da beleza monumental que encanta os turistas para se concentrar na poesia do despercebido - no caso, as líricas plaquinhas dos bancos e suas dedicatórias a anônimos freqüentadores do parque. Ao visitar o Metropolitan Museum, imagina como seria conhecer aquele fabuloso acervo na companhia do fantasma de Paulo Francis.