O entendimento do mundo está em todo lugar, mas há sempre lugares a partir dos quais se busca entender melhor e, quem sabe, explicá-lo. O Mediterrâneo é, sem sombra de dúvidas, um desses lugares desde onde se buscou essa explicação no mundo contemporâneo em seu duradouro e dialético movimento, nos câmbios e permanências, ausências e presenças, processos cruzados e distantes do tracejado fácil das linearidades retilíneas.O antigo mar interior, de algum modo, ocupou aquela situação no mapa da epistemologia das ciências humanas a partir da qual, e sem a qual, não se explica outros endereços no âmbito do pensamento geográfico e da história da humanidade.O Mediterrâneo de que trata Larissa Lira atravessa muitas águas disciplinares, para se por como esse mar-de-método e traduz uma navegação nem sempre tranquila por temáticas que versam sobre circulação, civilização e cultura. Por fim, mas não menos importante, além do bojador e da linha de costa, o que verão os leitores em geral e, em particular os historiadores, é que Braudel só viu mais longe porque estava sobre os ombros de Vidal.