O livro investiga as travessias de Nelson Rodrigues pelo trágico. Desvela a construção das relações familiares em cinco de suas peças: "Álbum de família", "Senhora dos afogados", "Anjo negro", "A serpente" e "Dorotéia", com a finalidade de salientar um universo ficcional que atravessa as fronteiras convencionais do gênero, criando, com base na família, uma tragédia genuinamente nacional. Nas interações humanas, surge o conflito consigo mesmo, que tanto tortura os indivíduos e os leva à transgressão. O convívio familiar é cercado de tabus e interdições, que tornam a proximidade com o outro uma fonte constante de angústia e sofrimento, posteriormente reproduzidos em todas as demais relações. Também são enfatizadas as características únicas que marcam o estilo do dramaturgo e conferem originalidade às obras, fortemente marcadas pelo diálogo fluente capturado do cotidiano, provocando reflexões sobre a sociedade e a cultura nacionais. Segundo Ronaldo Lima Lins (Professor Titular de Teoria Literária da Faculdade de Letras da UFRJ), Carla Souto "realizou a tarefa difícil e pouco tentada ainda hoje de examinar com profundidade as tragédias (também chamadas de textos míticos) do nosso principal dramaturgo". Beatriz Resende ressalta que merece especial destaque o estudo que Carla Souto faz de Nelson Rodrigues. Na obra teatral de nosso dramaturgo maior, esta jovem ensaísta escolhe investigar justamente as tragédias, desde as primeiras, como Álbum de família e Anjo Negro, até a última, A serpente, em que Nelson retoma o modelo trágico aristotélico. Como se fosse pouco tal desafio, Carla Souto prioriza, em sua investigação, o tema da família neste universo. É justamente aí que o estudo oferece aos estudiosos de Nelson Rodrigues uma análise original desta “dor obscena e terrível” que atravessa a obra e respinga no leitor.