O objeto deste livro é a experiência do pensamento, tal como a vivia um tipo de homem - o intelectual - e como a reproduziram os grupos de homens e mulheres, mais ou menos heterodoxos, nos séculos XIII e XIV. A investigação engendrada por Alain de Libera se enquadra independentemente da sociologia histórica e se debruça voluntariamente sobre o discurso. Assim a censura - em particular as condenações parisienses de 1277 - é considerada não como revelação do passado, mas como fabricante, no enunciar e denunciar, de uma realidade por vir. reflexão sobre o lugar do medievalismo na instituição do saber e sobre o papel equivocado da Idade Média na cultura política contemporânea, este livro pretende também deslocar o diálogo do Islã e do Ocidente sobre o terreno. Porque houve, de uma parte e de outra, um esquecimento da tradição intelectual, ou antes, da transmissão do ideal intelectual do Oriente ao Ocidente: a crise da escolástica, o conflito da fé e da razão, da teologia e da filosofia, teriam começado no Islã antes de serem importados (junto com o próprio modelo do intelectual) para o Ocidente.