Aclamado pela crítica e pelos leitores, quando foi lançado em 1975, o livro A MORTE DE D.J. EM PARIS, de Roberto Drummond, foi logo considerado como um divisor de águas da literatura brasileira contemporânea. Por todas as inovações estilísticas e de linguagem, a obra, além de render ao seu autor o prêmio Jabuti do ano, teve o imediato reconhecimento acadêmico tanto no Brasil como no exterior e gerou vários estudos e teses. Em dez contos emblemáticos, o escritor mineiro revela a delicada fronteira entre realidade e fantasia. O clima urbano, a linguagem pop e direta permite que o leitor se torne cúmplice destas narrativas curtas sobre o homem contemporâneo e seu mundo fragmentado e paradoxal. É a prisão que liberta a moça na janela, são os homens de óculos ray-ban, as diáfanas mulheres de azul, os sonhos feitos de caixas de sabão em pó. É nosso cotidiano de pequenas anormalidades. Drummond não constrói seus personagens pelo ponto de vista do narrador tradicional, mas identifica-os pelas marcas-registradas que codificam o mundo moderno - é a marca do cigarro, da escova de dentes, do refrigerante. Perdidos em meio à selva iluminada das metrópoles, seus personagens só sobrevivem porque sonham. Sonham tanto que já não é tão importante saber exatamente onde estão. No conto que dá título ao livro, por exemplo, um professor de literatura transforma seu sótão numa Paris imersa em tons de azul. O que teria acontecido com D.J? Estaria morto em meio aos seus cartões-postais ou belo e jovem flanaria pela cidade-luz? Quem seria capaz de decifrar seus desejos naquele inquérito policial?