O título do livro prenuncia de imediato a presença de dois polos fundamentais, faíscas cintilantes que tanto iluminam quanto cegam o leitor que se aventurar por essa paisagem às vezes fria, outras vezes incendiada, e por onde desfilam figuras andôginas, máquinas mortíferas ou florestas milenares. É nesse pêndulo oscilante entre a ameaça e a esperança, entre o que se projeta para o futuro e o reflexo distorcido do passado que se constroem as tramas principais dessa nova coletânea de Prisca Agustoni, atravessada por temas caros à sua poética, como a migração, o plurilinguismo e a constante indagação da memória coletiva e individual. O teor metalinguístico de sua escrita está presente no diálogo intenso que a autora estabelece com artistas plásticos e escultores, através do qual propõe reflexões sobre o próprio processo criativo ou sobre a sempre necessária releitura da história. No entanto, se em abertura do livro as estátuas da artista islandesa Steinunn Thoraridsóttir de aço e (...)