Cem anos após a morte de Bilac, alguém se dispõe a estrear poeticamente com um livro de sonetos?! É que essa breve composição costuma se revelar uma tremenda armadilha para os que se iniciam na bela arte; na sua aparente singeleza, costuma levar o novel poeta a derrapar em dificuldades que não previa e a cair, tentando vencê-las, no artificialismo, no preciosismo vazio de ideia-e-sentimento, quando não simplesmente em banais erros de forma. Com esse pé-atrás preconceituoso peguei o livro. Fiquei novamente surpreso, já agora de um modo bastante positivo. O Autor sabe efetivamente o que é um soneto e o concebe e compõe com desenvoltura. Sabe metrificar com desembaraço e rimar com coerência. Tem boa linguagem. Tem vocabulário. Tem leitura. Tem imaginação. Em resumo: tem o sentido do equilíbrio da forma, isto é, tem o sentido do soneto. [?? por ANDERSON BRAGA HORTA, poeta e tradutor]