Abro essa carta/livro. Me deixo levar. Leio em uma correspondência a cadência do que em seguida se torna em seu movimento: livro-poema. Me deparo, logo na entrada, com esse M. com o M. que assina a correspondência e cria traço para que a leitura caminhe. Destaco da letra à palavra o que se escreve, o que cai ao solo, o que se move e poliniza fértil com o vento, o que pulsa tempo como sangue: o prelúdio trovoa vermelho e anuncia água. Da metáfora ancestral essa coisa que arde e é líquida que crava a terra o calor de uma mulher, a transmissão milenar dos saberes de uma mulher a transmissão dos orixás que conta e não conta com o conhecimento. Adentramos aqui as franjas do amor. Como que em um continuum, é possível ler: da mulher, na mulher, pela mulher sem pausa, no entanto em ritmo preciso, o amor. Uma circularidade não há ponto de separação: da palavra, na palavra, pela palavra. Está sempre em ponto de heresia. [...]