A autora apresenta um estudo sobre o significado da centralidade do combate à pobreza na condução das prioridades da agenda social internacional contemporânea, sinalizando que condições materiais e simbólicas plasmaram as transformações recentes das políticas sociais. A relevância deste livro não está somente na atualidade do tema, mas na forma da análise, que tenta conjugar o plano da realidade, observando o que acontece institucionalmente com as políticas sociais, com o plano reflexivo, acompanhando o debate sobre política social, a partir da apresentação de um panorama histórico-analítico do alívio da pobreza desde o início da formação do modo de produção capitalista. O objetivo dessa incursão histórica, contudo, está em entender a política social no contexto contemporâneo, considerando a dinâmica das determinações histórico-sociais nesse início de século ao tentar salientar o que é novo no capitalismo e sua relação com essas "inovações" na forma de conduzir a proteção social. A força da hipótese que direciona o conteúdo do trabalho está situada na ideia de que houve uma mudança no paradigma de análise sobre a pobreza e que a transformação do seu estatuto teórico e de suas formas de enfrentamento não é endógena à teoria, pelo contrário, constitui uma resposta à dinâmica concreta do contexto internacional e aos desafios e impasses dos processos políticos contemporâneos, particularmente porque as produções e criações intelectuais não são isentas, alheias e descoladas da realidade. Por tais razões, o texto as ressalta como conflitos de valores, que reaparecem nos debates sobre a pobreza e como combatê-la, fornecem elementos essenciais à compreensão das mudanças de sentido e funcionalidade das políticas sociais na atualidade.